Com a evolução do Mercado de Seguros Brasileiro, que passou de pouco mais de 1% de representação no PIB para 5% em 15 anos, é natural que novos produtos entrem na prateleira das Seguradoras. O desenvolvimento da economia brasileira nos últimos anos e o ingresso de investidores e empresas estrangeiras no país fez com o que o mercado tivesse contato com riscos com os quais não estava acostumado e gerou a demanda por novas coberturas.
Começamos a ter características de riscos que não tínhamos antes e que são similares aos mercados americano e europeu. De acordo com um levantamento realizado pela Consultoria PwC, o Mercado Global de Seguros de não-vida está se diversificando rapidamente, cada vez mais influenciado pelos mercados emergentes. De 2006 a2011, os prêmios totais subiram 27% em todo o mundo, com a maior parte desse crescimento impulsionada por mercados emergentes.
Os prêmios brutos dos mercados da China, Índia, Brasil, Rússia, México, Turquia e Indonésia cresceram 140% nos ramos de property & casualty de2006 a 2011, enquanto nos enquanto nos EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá o crescimento foi de cerca de 10% no mesmo período de tempo.
A Classe Média e os mercados emergentes
A ascendente classe média nos mercados emergentes está alimentando o crescimento dos seguros, uma vez que essa fatia da população está exigindo novos carros e residências mais modernas e querem proteger os bens adquiridos. As empresas locais buscam coberturas de property e responsabilidade civil para garantir os novos investimentos e se proteger do aumento da litigiosidade.
Segundo a análise realizada pela PwC no estudo, “a persistência dessas tendências significa que o crescimento futuro das Seguradoras dependerá cada vez mais da sua capacidade de atingir um conjunto mais amplo de clientes em outros países”.
O reflexo das movimentações das Seguradoras neste sentido já pode ser visto no Brasil. Duas proteções que já existiam em outros países e desembarcaram recentemente em terras tupiniquins são os seguros contra riscos cibernéticos e contra atos terroristas, ambos introduzidos no mercado brasileiro pela AIG. O primeiro foi lançado pela seguradora em agosto de 2012 – e outras companhias devem lançar produtos similares ainda em 2013.
Já a proteção contra atos terroristas está disponível para ser adquirida pelos brasileiros desde junho deste ano. É um produto, no entanto, que já existe nos Estados Unidos desde o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001. “No Brasil, por se tratar de um mercado recente e que está se tornando cada vez mais maduro,vemos muitas oportunidades de lançar novos produtos, de nos posicionarmos como inovadores e nos tornarmos pioneiros”, relata Fábio Cabral, diretor de grandes riscos da AIG.
Segundo o executivo, há alguns meses a Seguradora começou a perceber a demanda pelo seguro contra atos terroristas. Eram telefonemas e e-mails de corretores e clientes perguntando se a companhia já tinha o produto disponível aqui no Brasil. Com a realização dos grandes eventos esportivos (Copa e Olimpíadas) mais próxima, a preocupação das empresas com o patrimônio aumentou.
Além disso, a ampliação da presença no País de empresas estrangeiras que aproveitaram o recente bom momento econômico brasileiro para instalar unidades aqui despertou o interesse por coberturas até então inexploradas. São proteções que as empresas já estão acostumadas a contratar em suas matrizesem outros países. Consequentemente, ao vir para o Brasil, elas buscam proteções semelhantes. “Mas vemos também empresas nacionais buscando os novos seguros”, reitera Frank Moraes, gerente de property da AIG.
Ao decidir trazer um produto novo para o Brasil,a Seguradora costuma analisar se a demanda é mesmo do mercado como um todo ou se é de apenas um grupo ou um cliente. No caso do seguro contra atos terroristas, o processo de detecção da demanda até a aprovação do produto pela Susep levou 10 meses.
Fonte: Revista Apólice
Seguros para 2020 e além: a necessidade é a mãe da criatividade
Quais são as questões mais urgentes em relação ao mercado global de seguros? As mudanças parecem estar chegando com rapidez ao mercado e os players precisam acompanhá-la na mesma velocidade. Questões como as relações sociais e o poder da conectividade; tecnologia e os processos de dados e informações; o meio-ambiente e seus riscos com catástrofes; A multipolarização econômica do mundo e a instabilidade política são temas abordados pela pesquisa da Pwc, intitulada: Seguros para 2020.
Conversamos com o idealizador da pesquisa, o líder global da área de Seguros da PwC, Stephen O’Hearn, sobre as principais questões abordadas no relatório e ele explicou que esses são pontos em comum para qualquer mercado, em qualquer continente. “A tecnologia certamente será uma grande aliada dessas mudanças, acredito que elas podem e já estão ajudando muito no desenvolvimento de novas práticas e amadurecimento de diversos mercados”, destacou.
Stephen O’Hearn
“A questão não é mais o quanto os seguros estão dispostos a mudar, mas como deve ser essa mudança e quão rápido as empresas podem responder a ela. Os principais diferenciais serão a capacidade de manter o controle de desenvolvimento emergente e de avaliar as suas implicações, respondendo a elas de forma ágil”
O estudo mostra que as ações que as Seguradoras irão tomar para promover ajustes necessários dependerão não apenas de seus mercados nacionais ou regionais, mas também de sua intenção estratégica, suas capacidades essenciais, avaliação de talentos, além de sua cultura organizacional e de capital. Ainda assim, para maioria – se não para todos – dos seguradores, essas mudanças de mercado demandam uma mudança significativa em produtos e no restabelecimento de longo prazo do modelo de negócios. E isso não deverá ser fácil.
O executivo afirmou que, embora existam muitas diferenças no mercado de seguros ao redor do mundo e cada mercado tenha suas particularidades, a disrupção é uma tendência mundial. “O mercado é globalizado. O tipo de análise que nós fizemos tem muito a ver com as decisões que deverão ser tomadas daqui pra frente, porque percebemos que esse é a indústria de seguros apresenta essa necessidade de disrupção muito forte”, conta.
É importante desenvolver uma visão clara de onde e como as companhias pretendem competir. Para algumas, isso inclui uma proposta de valores totalmente nova. Para os seguradores do ramo vida isso pode incluir uma oferta mais ampla e atraente em relação à qualidade de vida e bem-estar por um lado e a segmentação de nichos inexplorados do outro. Para companhias Property & Casualty, isso pode incluir uma melhoria em seus bancos de dados e gerenciamento de riscos olhando como essas informações podem se aplicar à maior faixa de prevenção de risco e proteção possível. “Talvez um dos grandes entraves no mercado de seguros sejam as regulações e suas disparidades, mas isso é necessário em todos os lugares do mundo e temos que nos adaptar, mas é um obstáculo”, aponta O’Hearn.
Com as intenções estratégicas estabelecidas, é importante determinar como alcançar as pessoas por meio de diferentes mensagens e canais, simplificando o desenho dos produtos, e reorganizando a sua distribuição. Outras considerações incluem, ainda, como reformular o processo de subscrição para capitalizar em cima de novas análises e informações, bem como para agilizar o processo de vendas em tempo real. A velocidade de desenvolvimento do mercado é tanta, que é virtualmente impossível prever quais serão as demandas dos consumidores em alguns anos. As abordagens antigas para os planos estratégicos podem ser muito lentas para manter o ritmo das mudanças. Em vez disso, nós propomos quatro passos:
- Aprender quais são as necessidades do seu segmento alvo;
- Construir os modelos que possam levar à compreensão das necessidades dos segurados;
- Testar inovações com projetos piloto para ver se elas ressoam com os clientes e refinar a proposição de valor;
- Melhorar e lançar a nova proposta de valor para segmentos específicos.
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Fonte: Revista Apólice