Rússia: roteiro pelas 11 cidades-sede da Copa 2018

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Rússia: roteiro pelas 11 cidades-sede da Copa 2018

Um guia com os passeios essenciais e dicas de como se virar nas cidades russas durante (ou depois) do mundial de futebol

Em pleno verão europeu, a maior nação territorial do mundo se prepara para receber turistas de todos os cantos com muita arte, arquitetura, história, vodca no copo e bola na rede. Saiba o que ver e fazer nas 11 cidades-sede da Copa 2018

1. Moscou

Vista da Catedral de São Basílio (yulenochekk/iStock)

Cosmopolita mas segura como poucas capitais da geopolítica atual, Moscou vive uma fase acesa e pulsante com a Copa e tantos eventos de verão. Desembarcar em qualquer dos três aeroportos internacionais e chegar ao Centro pelo moderno trem Aeroexpress, em uma hora, traz um sentimento de civilidade e comunhão entre locais e visitantes.

Moscou adentro, em que cidade do mundo há um metrô Dmitri Mendeleev, com luminárias que remetem a gigantescas moléculas, homenagem ao criador da tabela periódica? Ou um foguete estacionado como monumento em pleno passeio público?

Os domos coloridos das igrejas ortodoxas, a arquitetura socialista e os marcos do comunismo passam pela janela enquanto o silencioso poezda (trem) cruza o plano urbano generoso e elegante. A urbe que inspirou peças de Tchaikovski, a literatura de Tchekov, pintores e dramaturgos, hoje ambienta um movimento de arte moderna internacional sem perder o status de meca do balé clássico, da ginástica olímpica e de outras artes performáticas.

A Praça Vermelha, em Moscou, é conhecida por ter sido palco de grandes desfiles militares durante a era da União Soviética (Mordolff/iStock)

Coração histórico, geográfico e espiritual da cultura russa, o complexo arquitetônico do Kremlin e a Praça Vermelha merecem a atenção de quem tem apenas um dia na cidade. Palco de execuções e coroações desde o século 15, o grande largo é aberto para pedestres, protestos e eventos de todos os portes (Paul McCartney fez um show aberto aqui em 2003).

Sob a sombra das icônicas cúpulas da Catedral de São Basílio, o tráfego de turistas é intenso o dia todo – chegue cedo para ver o Mausoléu De Lenin, caminhar pela praça e visitar o Museu do Kremlin (10h às 17h; fecha na 5ª).

Para quem tem dois dias ou mais, sair dos arredores da Praça Vermelha é fundamental para vivenciar o espírito moscovita. Dois dos melhores lugares para sentir essa vibe são os passeios nos parques Gorki e Vdnh, disneylândias da cultura e do povo soviéticos, com excelentes museus, instalações esportivas, palcos e muito lazer ao ar livre, no mais puro espírito socialista.

Fachada do Museu Pushkin de Belas-Artes (Supamon R/iStock)

À noite, espetáculos de música clássica, balé e ópera acontecem em diversos espaços e são mais frequentados por locais que por visitantes. Entre os palcos mais tradicionais estão o Teatro Bolshoi e, em uma categoria mais econômica e menos turística, o excelente Teatro Helikon, com legendas em inglês. Performances de música também invadem o Museu Pushkin de Belas-Artes, cuja coleção de pintura russa e europeia dos séculos 19 e 20 merece atenção.

Outros imperdíveis das artes são a Galeria Tretyakov dentro de um castelo boyar recheado de obras de Kandinsky, Chagall e Klimt, e o subestimado Museu Roerich, dedicado a Nikolai Roerich, que retratou paisagens e culturas da Ásia Central no início do século 20. As tendências da arte contemporânea estão no Museu Garage, muito frequentado pela juventude moscovita e pouco pelos estrangeiros, embora multilíngue.

Hotéis e restaurantes em Moscou

Ao lado do metrô Arbatskaya, o calçadão Arbat é repleto de lojas, cafés e restaurantes, que disputam ativamente a atenção dos transeuntes. Comer na rua não é problema mesmo tarde da noite – vide as tantas opções abertas. Um dos melhores georgianos é o Genatsvale Vip  e, em um nível superior, o Sahli. No Uzbekistan estão os sabores da Ásia Central e, para provar a cozinha tradicional russa, confira o Café Pushkin ou o Dr. Zhivago , no Hotel Nacional, perto do Kremlin.

Para se hospedar, o Cosmos, hotel construído no auge da URSS para os Jogos de Moscou de 1980, é uma experiência à parte.

2. São Petersburgo

Paisagem invernal de São Petersburgo (rusm/iStock)

A antiga capital do Império Russo é hoje um dos destinos da vez na Europa, em parte por ainda não ter sido descoberta pelos turistas de Roma, Paris ou Veneza. A uma horinha de voo de Moscou, St. Pete faz páreo com essas “capitais culturais” na categoria museu a céu aberto e até entre quatro paredes, além de sediar uma cena artística em ebulição.

Um passeio pela Avenida Vevsky explica o apelido “Veneza do Norte”: a arquitetura neoclássica decora fachadas em série, interrompidas apenas pelas pontes peatonais sobre o sistema de canais do Rio Neva. No dia 23 de junho, em plena Copa, o Festival das Velas Escarlates reunirá 1,5 milhão de pessoas nas margens do rio para ver uma imensa queima de fogos e a navegação triunfal de um veleiro iluminado, símbolo da liberdade, do amor e da esperança.

Seja a pé, seja a bordo das balsas (como em Veneza!), o rolê pelo centro histórico não pode deixar de incluir as catedrais Kazan e Isaac; a Igreja do Sangue derramado, uma das mais belas do país, com domos coloridos em alto-relevo; e os imperdíveis Museu Russo e Hermitage, este um palácio de ambientes suntuosos com uma coleção de arte excepcional.

Igreja do Sangue Derramado, São Petersburgo (alessandro0770/iStock)

Na cidade, se aprende o real sentido da expressão “noites em claro”. Graças à latitude elevada, no verão a trama urbana sem edifícios altos recebe luz solar quase 24 horas por dia, iluminando por toda a madrugada as ruas onde Pushkin, Dostoievsky e Gogol viveram e ambientaram suas obras. Uma das experiências mais autênticas dos visitantes é adentrar a madrugada sob o cultuado sol da meia-noite.

No circuito mainstream, a balada ferve nos bares da Rua Rubinstein, que, durante o dia, recebe mercados de pulgas. Não distante dali, na Rua Kuznechny, encontra-se a casa onde Dostoievsky viveu, transformada em museu.

No lado B da cidade, o Parque-museu da Arte de Rua, a 30 minutos de táxi do Centro, mistura jovens locais com estrangeiros em um ambiente ao ar livre com skate, bike, dança, concertos, grafite… Do outro lado do Neva, o Museu Erarta é o espaço oficial da arte moderna.

Restaurantes e hotéis em St. Petersburgo

Bons restaurantes não faltam em St. Pete. Para provar a cozinha local, vá ao Severyanin. Já no Mamalyga, a refeição farta reproduz pratos de regiões do Cáucaso, enquanto o Duo Asia é para fãs da cozinha asiática contemporânea. Para um expresso, o Café Singer tem mesinhas de cara para a Catedral Kazan. Dos hotéis, o Park Inn, perto da estação de trem principal, vale pela localização e pelo café da manhã.

3. Kaliningrado

Região conhecida como Aldeia de pescadores, no coração do Kaliningrado (danilovi/iStock)

Caminhando pelo centro histórico de Kaliningrado, logo se percebe que pouco sobrou do plano urbano original de Königsberg. A cidade alemã, destruída, tomada e rebatizada pelas forças soviéticas durante a Segunda Guerra Mundial, hoje se revela na arquitetura remanescente e na história de uma trama urbana reconstruída.

Sua posição geográfica estratégica à margem do Báltico, espremida entre a Polônia e a Lituânia (e, portanto, distante de Moscou), proporciona à população um cotidiano mais cosmopolita que o vivido pelo resto dos russos. Mas, para muitos dos antigos habitantes, Kaliningrado ainda carrega a atmosfera de seus dias como posto avançado da URSS, clima que logo se sente em um passeio a pé.

Apesar da carregada arquitetura soviética e dos obsoletos monumentos a antigos líderes, o miolinho central oferece uma visita agradável, suavizada por parques arborizados, esquinas revitalizadas e museus muito peculiares. Imperdível, o Museu World Ocean permite adentrar um submarino nuclear e outras embarcações de guerra à margem do Rio Pregolya.

Outro museu inusitado é o do Âmbar um dos únicos do gênero em todo o mundo. Passada a impressão de que foi criado para atender a interesses exclusivamente geológicos, o espaço se revela uma experiência completa sobre a famosa resina fóssil, com exposições ligadas à história, ecologia, navegação, ciência e artes no Báltico. Mais importante, a atração está instalada no interior de uma conservada fortaleza neogótica do século 19, o mais legal da visita!

Não distante, a Catedral de Kaliningrado, do século 14 e famosa por ter sido destruída e reconstruída durante guerras passadas, é talvez o marco urbano mais emblemático da cidade. Patrimônio da Unesco, foi completamente restaurada em 1992 e guarda o túmulo de grandes líderes que por aqui passaram, além de alguns filhos célebres da cidade. O mais famoso mausoléu, localizado no belo jardim, é o do cultuado filósofo Emmanuel Kant (1724-1804), que nasceu, viveu e morreu num tempo em que Königsberg fazia parte da antiga Prússia.

Restaurantes e hotéis em Kaliningrado

Hospede-se próximo à catedral para fazer tudo a pé. O hotel Kaiserhof está mais para charmoso, enquanto o Ibis é igualmente bem localizado e se enquadra na categoria econômica funcional.

Opções de restaurantes não faltam ao longo da Avenida Lenin e da área conhecida como Teatralnaya. Anote um, descolado, para provar algo saboroso e diferente: os espetinhos de carne e vegetais do uzbeque Kaliningrad-Tashkent.

4. Nizhny Novgorod

No topo de uma colina, marcando a junção dos rios Oka e Volga, a quinta maior cidade da Rússia é um posto comercial estratégico desde sua fundação, no século 13. E vista de baixo, da margem do Volga, impõe respeito. Sua cidadela fortificada – o Kremlin de Nizhny – repousa protegida por torres de vigília, unidas por uma muralha que acompanha o acentuado relevo à beira-rio.

Só de se afastar um pouco da cidade, a bordo de um tour de barco sobre o Volga (há várias opções), já é um dos passeios mais legais pra se fazer aqui. O Kremlin reúne monumentos e prédios públicos iluminados à noite, compondo, a distância, um cenário de cartão-postal.

Em terra firme, o passeio imperdível de “NiNo” – como seus habitantes a apelidaram – é uma descompromissada caminhada pelas alamedas do Kremlin e por seus jardins e museus, entre eles o de arte contemporânea.

Turistas na escadaria Chkalov, em Nizhny Novgorod (sever180/iStock)

Do lado de fora, a monumental escadaria Chkalov liga o Kremlin ao Volga, pano de fundo preferido dos fotógrafos de casamento locais. Próximo dali, seguindo pelo calçadão à beira-rio, se alcança o teleférico que cruza o Volga. Em 13 minutos e a 80 metros do leito, o bondinho percorre os 3,2 km de extensão até chegar ao pequeno vilarejo de Bor, na margem Norte.

Durante os tempos soviéticos, NiNo foi renomeada Gorki, em homenagem ao escritor socialista Maxim Gorki. Foi aqui que o célebre camarada dissidente Andrei Sakharov, inventor da bomba de hidrogênio e, posteriormente, vencedor do prêmio Nobel da Paz por sua luta política pelo desarmamento, ficou detido após se opor à invasão soviética ao Afeganistão, em 1979.

Um dos pratos do restaurante Expedicia, que fica próximo ao Kremlin de Nizhny Novgorod (Reproduçaõ/Reprodução)

O apartamento onde ele viveu sob vigília da KGB até ser libertado, em 1986, durante a Perestroika de Gorbatchev, pode ser visitado, e vale a corrida de táxi de 10 km até a Rua Prospekt Gagarina, 214. Outro lugar interessante – por ser 100% ligado à história e à cultura da região do Volga – é a preservada Mansão Rukavishnikov, com ambientes do século 19 e coleções de arte de uma antiga (e rica) família comerciante.

Restaurantes e hotéis em Nizhny Novgorod

Na hora da fome, o Expedicia, ao lado do Kremlin, vale a visita não apenas pelos pratos da tundra e da Sibéria mas também pelo ambiente decorado com mapas, fotos e equipamentos de expedições passadas. Para uma experiência gastronômica clássica, vá ao Vitalich, endereço de políticos e artistas.

No Centro, hamburguerias despojadas são populares entre os jovens, como a Salut Burger. Já o café Lepi Testo é opção ótima e rápida para provar bons pelmenis (tipo de ravióli russo). Entre os hotéis, o cinco-estrelas Kulibin é tradicional. Mais econômico e bem localizado, o Ibis está esgotado em junho e julho.

5. Volgogrado

Estátua da Mãe Rússia no topo da Colina Mamayev Kurgan (Armastas/iStock)

Espalhada em uma margem curva do Rio Volga, a antiga Stalingrado é um destino importante dos amantes de história. Em 1942, a cidade sediou um dos capítulos mais sangrentos da Segunda Guerra Mundial: a Batalha de Stalingrado, que conseguiu impedir o avanço do Exército alemão ao custo de quase 2 milhões de vidas, o dobro da população da cidade na época. Hoje, o peso da tragédia persiste nos silenciosos jardins e monumentos em memória.

As marcas da guerra são relembradas em distintos museus e endereços, o mais importante deles é a Colina MamaYev Kurgan, vizinha do estádio de futebol. É ali que, erguido no fim dos anos 60, está o complexo de memoriais coroado pela gigantesca Estátua da Mãe Rússia, uma figura feminina com 72 metros de altura empunhando uma espada de 11 metros acima de sua cabeça.

Em 1942, a colina identificada nos mapas militares por “102.0” era estratégica no controle da cidade, mudando de mãos entre russos e alemães diversas vezes, até a sangrenta – mas vitoriosa – batalha final, em janeiro de 1943. Hoje cercada de jardins bem cuidados, seu panteão carrega placas com os nomes de parte dos mais de 1 milhão de soldados que morreram aqui, e sedia uma troca de guarda assistida diariamente pelos visitantes em seu interior.

O curioso Hotel Intourist, herança da época soviética (Repodução/Reprodução)

Em um passeio pelas avenidas Lenin e Komsomolskaya, logo se vê que os soviéticos transformaram Volgogrado em um símbolo de seu esforço e, no processo, presentearam a cidade com amplos bulevares e edifícios públicos de uma grandiosidade stalinesca.

Próximo ao rio, o Museu Panorama preserva na entrada um edifício bombardeado e nunca restaurado. No museu, há exposições sobre a Batalha de Stalingrado, uma maquete da cidade arruinada e um impressionante mural de 360° que retrata uma cena dramática do conflito. Ao lado, uma estação fluvial com restaurantes e casas de shows agita a vida noturna e promove cruzeiros fluviais. Na Kruiz, o cruzeiro a Moscou dura oito dias.

Restaurantes e hotéis em Volgogrado

Uma vez na cidade, prove a cozinha contemporânea do Marusya. Para um café, sandubas e afins, procure umas das confeitarias Baranochki. Para se hospedar, um lugar curioso é o Hotel Intourist, herança da época soviética na arquitetura sólida dos anos 50. Mas já está lotado para a Copa. O Park Inn tem boa reputação nos serviços. Superior, o Volgograd fica a quatro quadras do rio, ao lado do marco zero da cidade.

6. Ecaterimburgo

Vista da Igreja do Sangue Derramado em Honra de Todos os Santos (klug-photo/iStock)

A quarta maior metrópole da Rússia é também uma charmosa e vibrante cidade histórica. Eterno ponto de encontro entre culturas, sua particular posição geográfica, no sopé dos Montes Urais, marca a divisa entre a parte europeia e a asiática do extenso território russo, em uma das principais paradas da ferrovia Transiberiana.

Orientar-se em seu plano urbano é fácil. Ao margear a ampla Praça Platinka, a avenida principal (chamada Lenin, como em toda cidade russa) cruza o Rio Iset com sua calçada espaçosa, cheia de restaurantes e cafés, frequentada noite e dia pelos jovens de Ecaterimburgo.

A região central da cidade é marcada pela tragédia do czar Nicolas II e sua família, assassinados, em 1918, pelas forças soviéticas dentro da Igreja do Sangue Derramado em Honra de Todos os Santos, por sinal uma obra-prima da arquitetura sacra que merece a visita. Não distante da praça, outra atração interessante é o Centro Cultural Boris Yeltsin. Esse impressionante (pelo tamanho!) complexo de galerias e auditórios funciona a pleno vapor desde que foi inaugurado, em 2015, promovendo workshops e exposições de arte de cunho social e educativo.

Centro Cultural Boris Yeltsin, inaugurado em 2015 (ElenaMirage/iStock)

A partir do Centro, uma viagem de uma hora e meia de carro dá acesso à poética cadeia de montanhas descrita na literatura de Pavel Bazhov, o cultuado autor dos ensaios sobre os Urais cuja obra inspirou o balé A Flor de Pedra, de Prokofiev. Nos montes urais, cada época do ano traz aromas e cores diferentes. Uma das mais belas áreas de conservação, o Parque Bazhov protege um bosque temperado em meio às montanhas, que ganha cores especiais no outono e muita diversão à beira de seus lagos no verão.

Restaurantes e hotéis em Ecaterimburgo

Na hora de planejar sua visita, dê uma espiada no site oficial de informações turísticas, bastante completo, com descrições de inúmeros atrativos e calendário de eventos atualizado. Uma opção de hospedagem boa, econômica e bem localizada é o hotel Park Inn, a três quadras da Praça Platinka. Em um nível mais superior está o Visotsky Hotel, que tem uma vista fabulosa do Centro.

Para comer como os russos, no número 69 da Avenida Lenin fica o excelente georgiano Khmeli-Suneli. Para um almoço rápido, econômico e saboroso, visite a taverna Podkova, no número 28 da mesma avenida.

7. Saransk

Catedral Feodor Ushakov, em Saransk (bladerunner7/iStock)

Rica, moderna e distante “apenas” 650 km de Moscou, Saransk é a menor das cidades-sede da Copa. Um passeio pelo pacato Centro logo deixa claro: com suas vestes coloridas, danças folclóricas, arquitetura em madeira, culinária e idioma próprios, a Mordóvia é uma nação à parte dentro da mãe Rússia.

Embora pequena, a cidade tem muito pra se ver e fazer, em um circuito fácil de ser percorrido a pé. Uma das visitas obrigatórias é a Casa Mordóvia, vilarejo étnico-turístico com construções típicas de madeira e um restaurante regional famoso pelo pachat, tipo de panqueca parecido com o blini (encontrado em outras regiões da Rússia).

A casa fica ao lado do principal parque da cidade e a uma curta distância da Catedral Feodor Ushakov, construída em 2006 no estilo tradicional da igreja ortodoxa russa. Mais adiante, o Museu de Belas-Artes traz o nome e a obra do mais famoso filho da cidade, Stepan Erzia (1876-1959), conhecido como o Rodin russo. O museu vale a visita não apenas pelas esculturas de Erzia mas pela coleção de telas de pintores da Rússia de distintas épocas, com destaque para os artistas nativos da Mordóvia, entre os quais a própria diretora do museu, Ludmila Narbekova.

A Arena Mordovia receberá quatro jogos da fase de grupos (G0d4ather/iStock)

O Centro de Saransk é marca-do pela Praça Milennium, onde um centro de convenções recém-inaugurado promete estar a toda em 2018. A praça fica à sombra do imponente edifício da Universidade da Mordóvia, que oferece cursos a estrangeiros e cuja arquitetura dominante na paisagem urbana se assemelha à da Universidade de Moscou.

Restaurantes e hotéis em Saransk

Em frente à praça, o restaurante Big Pig se orgulha de ser o mais internacional e bem localizado da cidade. Seus dois ambientes amplos provavelmente receberão jornalistas, torcedores e convidados durante os dois dias de jogos que a cidade sediará durante a Copa 2018.

A 50 metros da esquina do Big Pig com a universidade, o Hotel Meridian é uma boa e bem localizada opção de hospedagem. Em uma categoria mais econômica estão o Hotel Park e o Saransk. Nas três hospedagens (como na maioria dos hotéis da Rússia), o staff fala inglês.

É possível conhecer Saransk em um dia. Se tiver mais tempo, encare 200 km de carro por estrada boa para visitar os lagos e bosques do P.G. Smidovich State Reserve, uma das reservas naturais mais antigas da Rússia.

8. Samara

Vista da cidade de Samara (Vladimir Zapletin/iStock)

Com pouco mais de 1 milhão de habitantes vivendo à margem de uma generosa praia de areia, Samara é um hub de transportes em outra estratégica curva do Volga. O passeio pelo calçadão à beira-rio – com ou sem banho no curso d’água – garante o lazer dos locais e dos raros turistas estrangeiros por aqui.

Caminhando entre adolescentes de patins, ciclistas, banhistas, esportistas, jovens mães empurrando carrinhos de bebê e idosos jogando xadrez, observa-se um convívio harmônico, civilizado e bastante “socialista”, como se o equipado espaço público fosse um grande clube, projetado para toda a população usufruir gratuitamente. Com tão colorida e dinâmica atmosfera de interação social, o promenade sobre o aterro é, de longe, o lugar mais interessante e alto-astral a se visitar na cidade, embora não faltem atrativos ligados à sua peculiar história.

Samara ficou famosa pela participação ativa no programa espacial russo. São daqui alguns dos melhores engenheiros espaciais do país, só uma das curiosidades a serem conferidas no Museu Cosmos, com sua coleção de equipamentos e cápsulas espacias usados desde os anos 60. Impossível não encontrar o endereço na Avenida Lenin onde está localizado com um enorme foguete (de verdade!) na entrada. Na saída, vale uma espiadinha na loja de suvenires, onde se vende comida de astronauta, brinquedos científicos e camisetas temáticas.

O Museu Cosmos conta com uma coleção de equipamentos e cápsulas espacias (blinow61/iStock)

Outro lugar inusitado para se conhecer é o bunker – gourmetizado – de Stalin. Construído em 1942 sob a Academia de Arte para abrigar o líder da URSS caso Moscou fosse tomada pela Alemanha nazista, o refúgio foi mantido em segredo até 1990 pela KGB. São nove andares de subsolo, com um espaço planejado e mobiliado, porém nunca utilizado. Fácil de encontrar, a uma quadra do rio, é uma visita rápida e curiosa, já que – você verá – não se assemelha a nada encontrado em nenhuma outra parte do mundo.

Restaurantes e hotéis em Samara

Seguindo a pé sem se afastar da beira-rio, não será difícil escolher um lugar para comer. Samara é a cidade dos restaurantes e reúne uma boa variedade de cozinhas típicas de diversas partes da Ásia e da Rússia. Se você nunca provou a culinária da Geórgia, experimente o menu do Khachapuria, que traz também outros sabores do Cáucaso. Para experimentar os peixes do Volga e a cozinha de Samara, o melhor lugar é o restaurante U vakano, que ainda produz uma cerveja regional famosa nacionalmente.

Para fazer tudo a pé na cidade, escolha hospedar-se próximo ao rio, como no caso dos hotéis LoftGraf Orlov e Holiday Inn Samara.

9. Kazan

Vista do Kremlin de Kazan, a maior atração da cidade (EXTREME-PHOTOGRAPHER/iStock)

Outra sede “próxima” de Moscou, da qual dista 850 km – o que não dá nem um dedo no mapa da Rússia -, Kazan nos faz sentir no Oriente. Bem-vindo à terra dos tártaros, povo que descende diretamente das hordas de Genghis Khan. Junto com o vizinho Bascortostão, o Tartaristão ocupa uma extensa região de maioria muçulmana.

O movimento nacionalista aqui é forte, inflado pelas vastas reservas de petróleo que enchem o peito dos líderes locais. Mas Moscou faz com que os tártaros se beneficiem generosamente dos recursos e, com isso, os convencem a permanecer leais à mãe Rússia.

Kazan, a capital do Tartaristão, mescla a cultura eslava com a tártara, sob a bênção de um islamismo sunita moderado. Um passeio no Centro logo revela que o idioma tártaro, de origem turca, é falado nas ruas tanto quanto o russo, e divide espaço em placas de trânsito e publicações oficiais.

A maior atração aqui é o Kremlin de Kazan, conjunto arquitetônico listado entre os patrimônios protegidos pela Unesco. Sua muralha, construída por Ivan, o Terrível, preserva um conjunto arquitetônico com museus, órgãos governamentais e dois símbolos do convívio pacífico entre as contrastantes culturas: a Mesquita Kul Sharif, uma das maiores da Rússia, e, logo a seu lado, a Catedral da Anunciação, templo cristão ortodoxo projetado, no século 16, pelo arquiteto Postnik Yakovlev, o mesmo autor da São Basílio de Moscou. Dentro do Kremlin, vale uma visita à galeria hermitage kazan, espaço que recebe exposições temporárias da coleção do Museu Hermitage de São Petersburgo.

Prato da culinária tártara do restaurante Tatarskaya Usadba (Reprodução/Reprodução)

Fora do Kremlin, um atrativo que vale a caminhada é o Museu do Estilo de Vida Soviético, com velharias de todo tipo e muito conteúdo sobre design institucional, artes visuais, moda e cena musical dos anos 60 e 70 na URSS. Outro lugar divertido é o Chack-Chack, um museu interativo dedicado à culinária tártara, particularmente às variações do doce chak-chak, um bolinho de massa cozido no mel e servido com chá em festas e datas nacionais.

Restaurantes e hotéis em Kazan

Kazan tem bons restaurantes regionais. Para provar os sabores da Ásia Central, por exemplo, vá ao Pashmir, e comida uzbeque, ao Rubai, ambos com exóticas sopas frias e quentes, pães frescos e pratos com carneiro. Para experimentar a cozinha tártara, são tradicionais o Tatarskaya Usadba e o Tugan Avylym. Entre os hotéis da categoria econômica se destacam o Giuseppe e, um degrau acima, o Park Inn, ambos bem localizados. O cinco-estrelas mais estiloso é o Luciano.

10. Rostov-on-Don

Catedral da Santíssima Virgem Maria (Olga Kashubin/iStock)

O vagaroso curso do Rio Don compete em lentidão com os passos de um jovem casal dividindo um sorvete à sua margem, no coração da cidade. A cena preguiçosa é fiel ao passeio público em Rostov, mas não revela sua forte personalidade e identidade cultural.

Terra dos cossacos, “Rostov-sobre-o-Don” goza de um status elevado entre as principais cidades da Rússia europeia graças à posição geográfica privilegiada, a apenas 32 km do Mar de Azov, contíguo ao Mar Negro. Porto e rio protagonizam os romances de Mikhail Sholokhov, biógrafo da saga desse grupo étnico semiautônomo, por vezes orgulhoso aliado, em outras volátil inimigo de Moscou, ao longo da Revolução Russa. Essa é uma cidade para se explorar a pé. À beira-rio, o grande Bulevar promove o lazer comunitário diariamente, em um ritual de convívio lindo de se ver.

O espaço faz jus às boas intenções iniciais do socialismo, vide as quadras esportivas, mas ficou ainda melhor com sorveterias, cafés, lojas de souvenires e outras distrações do capitalismo. Dos muitos festivais culturais que acontecem quase todos os finais de semana no verão, um dos mais divertidos é a Festa do Rio Don, celebrada na segunda semana de julho com muita balalaika ao vivo, comida típica, embarcações enfeitadas, venda de artesanato e, claro, vodca a valer.

Vista do Hotel Mercure, em Rostov-on-Don (divulgação/Divulgação)

Em outro corredor arborizado – o Calçadão da Pushkinskaya -, a caminhada pela sombra encontra esculturas, instalações e murais antigos. Violinistas adolescentes, casais sobre patins e crianças jogando bola ocupam o espaço público adjacente ao Parque Central da cidade, onde uma área para arvorismo e uma roda-gigante fazem a alegria de jovens casais e crianças.

Do outro lado do parque, a Praça Teatralnaya reúne três estilos arquitetônicos – clássico, construtivista e soviético socialista – nos prédios públicos ao redor do grande largo do Memorial de Guerra Stella. No fim de tarde, o espaço é frequentado por uma moçada a pé ou de skate, ambulantes e músicos, que dividem aquelas larguras com crianças aprendendo a andar de bicicleta e famílias.

Restaurantes e hotéis em Rostov-On-Don

Na esquina das ruas Buddonovskiy e Stanislavskogo, o movimentado Mercado Central é gostoso de se visitar e almoçar. Fora de lá, delicie-se com o Georgiano Cafe Guria ou uma refeição elaborada no restaurante Staraya Melnitsa. Entre os hotéis mais bem localizados estão o Mercure e o Don Plaza.

11. Sochi

Vista da Estação Ferroviária de Adler (Serjio74/iStock)

A praia e a proximidade com as montanhas do Cáucaso garantem a Sochi um dos maiores potenciais turísticos da Rússia, depois de Moscou e São Petersburgo. Com um pôr do sol apoteótico sobre as águas calmas do Mar Negro, um calçadão animado dia e noite e infraestrutura para praticamente todos os esportes, amadores ou profissionais, a sede dos Jogos Olímpicos de Inverno 2014 é um balneário por excelência e sempre viveu desse status.

Aqui faz calor de verdade, com temperaturas entre 25 e 30 graus entre maio e setembro. Durante a maior parte do ano é possível esquiar de manhã e ir à praia de tarde no mesmo dia. No inverno, pra se ter uma ideia, é o lugar mais quente da Rússia. Gente de todas as regiões vêm curtir o balneário, formando uma cena animada na beira-mar e no calçadão que o contorna, repleto de restaurantes, hotéis, parques e casas noturnas.

O movimento se concentra entre Sochi e seu distrito principal, Adler, onde fica o parque olímpico. O transporte entre elas é eficiente e barato. Além dos ônibus frequentes, uma ferrovia percorre a costa rumo a Adler, no sul, e Krasnodar, no norte, com vistas privilegiadas em todas as janelas do trem – com o verde das montanhas de um lado e o azul do Mar Negro do outro.

As praias ao longo da costa são rochosas, mas bastante limpas e agradáveis. Areia branca e fina existe apenas em praias particulares, e vem importada da Península Arábica.

Estação de Esqui Gorky Gorod (Divulgação/Divulgação)

Vale adentro, montanha acima, em uma hora de carro se chega a Krasnaya Polyana, o centro de esportes de inverno, com a Estação de Esqui Gorky Gorod, cujo teleférico funciona também no verão e dá acesso a um mirante espetacular.

Restaurantes e hotéis em Sochi

Restaurantes e hotéis não faltam em Sochi, tanto na parte costeira quanto no Vale de Krasnaya Polyana. No calçadão da marina, o sofisticado Chayka tem terraço com vista para a coleção de iates do pedaço. A poucos metros, o Staryi Bazar, especializado na cozinha do Cáucaso, tem decoração de taverna e música folclórica ocasionalmente na agenda.

Entre os hotéis, o Park Inn é bem localizado no Centro e a uma hora do estádio olímpico (em Adler, ao sul). Se preferir o frescor da montanha, o Mercure Rosa Khutor, pegue o padrão upscale da bandeira e é um dos bons hotéis de Krasnaya Polyana.

Guia para a situação não ficar russa

Praça do Palácio, em São Petersburgo (Andrew Moore/Wikimedia Commons)

Quando ir

A temporada oficial de verão vai de 1º de junho a 31 de agosto, e a Copa do Mundo, de 14 de junho a 15 de julho – época com hotéis caros e lotados nas cidades-sede, mas de muita animação. Em setembro, já começam os dias frios, embora sem neve, em todo o país.

Quanto tempo

Dadas as distâncias, um tour de menos de dez dias é exaustivo. Calcule gastar umas 35h de viagem (ida e volta) e 48h de adaptação ao fuso. Em dez dias, dá para explorar bem a pé Moscou e São Pete ou fazer um cruzeiro fluvial entre elas. Já com três semanas você consegue visitar mais lugares, viajando em trens noturnos ou em voos curtos. Um mês? Dá para esticar até a Sibéria ou o Volga ou incluir na viagem o Báltico e a Escandinávia.

Dinheiro

O rublo russo (R$ 1 = RUB 17; US$ 1 = RUB 57; € 1 = RUB 70). Leve dólares ou euros – notas novas, não amassadas nem riscadas – e adquira o rublo nas casas de câmbio das avenidas principais. Nos bancos dos aeroportos, que praticam as piores taxas, troque apenas o suficiente para o transporte até o Centro. Há caixas eletrônicos em qualquer cidade, e cartões de crédito são largamente aceitos. Evite os pré-pagos: como não há carga em rublo, “paga-se” uma conversão ao colocar saldo e outra ao usar o cartão.

Língua

É cada vez mais fácil encontrar quem fale inglês nas ruas, mas se há algo que os russos apreciam é o esforço dos estrangeiros para falar seu idioma. Grave frases educadas e ganhe sorrisos. A pronúncia de certas palavras (locomotiva, vagão, restaurante, automóvel, mar, música, café) parece a portuguesa.

Comunicação

O serviço BrasilDireto permite ligações a cobrar da Rússia pelo 81080020971049. Lá, a MTS tem chip pré de 7GB a RUB 250 (R$ 15), válido por uma semana.

Fuso

+ 6h em Moscou e outras sete cidades-sede, + 4h em Kaliningrado, + 7h em Samara e + 8h em Ecaterimburgo.

Visto

Os brasileiros são isentos do visto russo – basta um passaporte com validade mínima de seis meses para permanecer até 90 dias.

Saúde

A Rússia não exige o Certificado Internacional de Vacinação contra Febre Amarela dos brasileiros.

Comida

Os gastos com alimentação se equiparam aos do Brasil, ficando abaixo aos da Europa Ocidental, e a comida costuma ser farta e saborosa. As tradicionais sopas (borsch), massas recheadas (blinis e pelmenis), o churrasquinho do Cáucaso (shashlik) e outros pratos variam de preparo, mas são feitos sempre com elogiável sabor caseiro.

Transporte

Como as distâncias são enormes, confira as tarifas da low-cost aérea s7, que cobre quase todo o país. Viajar de trem é uma experiência à parte, divertida e barata. As suntuosas estações se localizam no coração das cidades ou perto do Centro. No site da ferroviária estatal RKD, é fácil comprar trechos. Considere viajar em trens noturnos, confortáveis e econômicos na segunda classe.

Cuidado

O viajante se sente seguro no país, mas em São Petersburgo e Moscou é preciso ficar atento aos batedores de carteira no metrô.

Como chegar

A Air France voa de SP a Moscou, via Paris, e a Emirates, via Dubai.

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Fonte: Viagem e Turismo

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